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Fernanda Godinho

terça-feira, 30 de junho de 2015

Ótimo artigo de Rosely Sayão sobre as férias escolares

rosely sayão


Tempo para o autoconhecimento

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As férias da criançada e dos adolescentes chegaram! De novo?! Sim, caro leitor, de novo!
Sabemos que muitas famílias reclamam dos períodos –que lhes parecem grandes demais– em que as crianças ficam em casa. O motivo é que os pais não têm dois momentos de férias e isso gera um problema doméstico/familiar.
Esse é um dos indicadores de que a escola deixou de ser a instituição em que os mais novos vão só para ter a iniciação básica do conhecimento sistematizado. Hoje, a escola é, acima de tudo, um local para deixar os filhos com tranquilidade, não é?
Mas, se pensarmos nas crianças e nos adolescentes, eles precisam desses dois períodos intercalados com o tempo de estudos para elaborar tudo o que estão aprendendo, para ter um tempo sem rotinas impostas, para soltar as amarras da imaginação e da criatividade e para ter um contato maior com eles mesmos e, dessa maneira, ouvir melhor as próprias demandas, vontades, emoções, interesses.
O autoconhecimento é um importante aprendizado para os mais novos e, com as rígidas rotinas estabelecidas na escola e pela família nos períodos letivos, fica difícil ter tempo ocioso para esse reconhecimento de si, que é muito importante na formação e que tem sido desvalorizado. Você leu corretamente, caro leitor. Eu disse mesmo "tempo ocioso". Pode até parecer estranho, mas, mesmo durante as férias, é difícil para os adultos ver crianças e adolescentes sem fazer nada! Aliás, criança ociosa, hoje, é uma expressão usada de modo pejorativo, negativo. Mesmo em tempo de férias, parece que precisamos ver as crianças e os adolescentes ocupados com alguma coisa útil. O porquê ainda não sabemos. Só gostamos de, depois, reclamar da hiperatividade deles.
Por isso, vamos fazer um esforço de tolerância e permitir que os adolescentes durmam, durmam e durmam! O quanto eles quiserem. Eles precisam disso. Vamos deixar as crianças à vontade, sem programação predefinida, sem horários estabelecidos, a não ser os importantes para a família.
E, se a família não conta com uma rede social que lhe permita deixar as crianças em casa ou com parentes e amigos na maior parte do tempo e precise muito colocar a criança em alguma atividade, que seja uma atividade artística! A arte tem qualidades inestimáveis na formação e no desenvolvimento da criança. Na expressão artística, seja ela qual for, a criança aprende, pela experiência, que o processo a que se dedica é muito mais importante do que o resultado final, por exemplo. E há aprendizado mais importante do que esse para o desenvolvimento intelectual?
A criatividade, característica das mais requisitadas hoje, em qualquer profissão e área de trabalho, pode ser muito mais desenvolvida na dedicação às artes porque, nelas, a criança perde o medo de errar, medo esse que aprendeu a ter ao se dedicar aos trabalhos escolares e que foi ensinado pelos adultos educadores –escolares e familiares– mesmo que não se dessem conta do que estavam ensinando.
É também na prática artística que os mais novos têm a grande oportunidade de perceber, com alegria e prazer, o quanto o compromisso e a dedicação são valiosos no trabalho. Vamos permitir que, para as crianças e os adolescentes, férias sejam tempos em que eles possam "fazer arte", tanto no sentido literal quanto no metafórico. É desse espaço que eles precisam. 

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